quinta-feira, 20 de novembro de 2014



                                           nos 100 anos de Carolina de Jesus

De dentro de uma favela,
entre sucatas e lixos,
uma mulher pobre e negra,
quase analfabeta,
sonhou que a literatura
a tornaria feliz.
Tantas vezes escreveu
em seus diversos cadernos,
não pela inspiração,
mais para a fome aplacar!
O sucesso conheceu –
sonho de todo escritor –
mas não a felicidade.
Rejeitada na favela
(com medo de ver expostas
as suas intimidades),
nunca sentiu-se acolhida
onde sua casa comprou.
Desiludida e infeliz,
retirou-se em um sítio,
onde viveu esquecida,
longe da fama e dos homens.
As letras não lhe trouxeram
a alegria sonhada –
apenas qual fogo-fátuo.
Jamais deixou de escrever
P’ra saciar sua fome –
não de alimento ao corpo:
fome de felicidade.


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