terça-feira, 20 de janeiro de 2015



Chora-se o amado morto,
cuja morte em nós sepulta
os vestígios de seus erros,
realçando suas virtudes.

Grande dor nos causa a morte –
radical separação –
pois a nós que aqui ficamos
do morto há só lembrança.

Há que, morto um amado,
fecha-se em sua dor,
vivendo um luto eterno,
esquecendo-se de si.

Não se permite um sorriso,
nem festa ou alegria.
Vive como se estivesse
morto para os que estão vivos.

No entanto, a morte ensina
não a exaltar os mortos,
mas sim a voltar-se aos vivos,
amando-os enquanto o são.

A quem sepulta um amado
cabe em si só a saudade
e a amar os que ainda vivem,
já lhes vendo as virtudes.


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